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Sobre o Artista - Vitor Migliorati

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1982, Nasceu em Vitória - ES

Artista dedicado à pintura como principal meio de expressão artística desde o ano de 2010. Influenciado pelas vanguardas Neo Impressionistas, Expressionistas e Abstratas do século XX, utiliza a força das pinceladas e das cores para trabalhar a organicidade do movimento no campo pictórico, seja através da abstração ou da figuração.

Declaração do artista Vitor Migliorati

 

Sempre vi o desenho e as pinturas em lápis de cor como uma forma de encantar as pessoas. Há algo diferente em você se expressar através de imagens. Para entender meu trabalho artístico é preciso voltar a minha infância, no tempo em que eu quase não prestava atenção nas aulas e passava uma boa parte do tempo desenhando nos meus cadernos. Fui uma criança, a meu ver, privilegiada. Era a brincadeira e farra que me animavam e eu sempre estava animado para elas. Esse era o motivador de todo o meu temperamento, que por sua vez, dava origem aos desenhos que estavam em toda parte dos meus cadernos. A atividade física vinha em primeiro lugar na minha vida. Cresci em um bairro em formação de uma cidade média do Brasil. As ruas próximas a minha casa eram calçadas de paralelepípedos. Sim eram paralelepípedos irregulares e eu sabia muito bem o que significava. Significava para mim o futebol na rua que era praticado ao longo de horas a fio. Para que comer se podemos nos divertir? Para que tomar os remédios de bronquite? Permanecer sempre ativo era uma questão de sobrevivência em uma mente havida por conhecimento. Privilegiado porque a casa dos meus pais era do lado da casa dos meus avós paternos, então eu sempre podia receber um auxílio de algum de meus parentes tão generosos comigo em minha infância. E aquela liberdade orientada era o combustível que fazia com que o meu desenvolvimento sempre fosse destinado para no futuro eu me voltasse a apreciar as artes. Isso me deu a chance de ser sempre um dos alunos mais extrovertidos das turmas que participei. A confiança depositada em uma criança retorna como habilidade. E em mim isso se tornou uma característica. Por sorte consegui conviver com meu avô paterno tempo o suficiente para ele me ensinar coisas simples, mas que se tornariam parte de quem eu sou. Em sua casa existia alguns quadros de uma tia minha e de um tio-avô que foram absorvidos pelo meu subliminar Então eu dobrava os papeis e cortava sem tesouras, para começar meus exercícios de caligrafia. Existia uma estante de madeira com uma porta que subia e enrolava feita de madeira, o sanfonier, onde ficavam os papéis, canetas, lápis e borracha. Eu ficava na mesa da casa do meu avô praticando o desenho das letras. Ali eu aprendi as minhas primeiras lições de disciplina. Quando eu estava no colégio o tema era livre. Então eu podia sonhar. É isso, desenhar para mim sempre foi sonhar, sair da rotina dos trabalhos para fazer pequenos desenhos em meus cadernos que depois geralmente eram perdidos por mim. Mas isso não era o suficiente para mim, era preciso estar sempre ativo, sempre alerta. Pulava das orientações das aulas dos professores, para trabalhar com meu avô e depois para brincar novamente. As brincadeiras lúdicas faziam parte do meu dia-dia como futebol, pipa e outros. Os trabalhos com meu avô e o constante contato com os colegas da escola, os desenhos praticados nos cadernos acabaram por moldar o perfil de um jovem alegre que adora gente, e que está sempre disposto a fazer coisas novas. Torneio nos colégios, gincanas, festas juninas, tudo isso era incrivelmente estimulante para mim. Mas juventude ia passar como um sopro com tanta atividade e chegaria o ensino médio onde aprendi muito de matemática e geometria. E chegaria à faculdade de Direito, um lugar onde as regras e a disciplina falam mais alto. Mas um cérebro plástico se molda a ambientes mais tradicionais e eu me adaptei. Quando se é jovem tudo é para um bem maior que é ter uma vida melhor no futuro. Esse futuro não chegou na área jurídica e ao invés disso a porta das artes se abriram novamente. Em 2009, depois de investir todas minhas pequenas finanças em entretenimento como festas e viagens resolvi comprar um livro depois de ter feito uma pintura olhando a tela do computador em uma resolução muito ruim. Era um livro com as abras do Van Gogh. Então escolhi uma obra e repintei-a. Eureka, a obra ficou tão semelhante que parecia que eu tinha anos de prática. Mas eu não tinha essa prática eu só tinha pintado apenas uma obra sobre as montanhas rochosas em estilo pontilhismo, e um quadro abstrato em branco e preto. Claro eu não tinha nem material. As tintas acrílicas eu havia pegado da minha mãe, depois foi que eu comprei uma sequência de telas para fazer minhas primeiras coleções. Depois foi colocar meu sentimento e inspiração que tive de ver Pollock em um filme. Somente depois de ter realizado essas primeiras coleções que então passei para as obras em paisagem literalmente com um jogo de tintas alemãs. As primeiras obras abstratas foram feitas sem nenhum conhecimento de arte. A coleção Emotion inspirada em Pollock. Antes delas vieram a coleção South Africa Cup com inspiração na primeira copa do mundo realizada em solo africano, em 2010, uma referência a diversidade e magia do povo africano. Tudo isso com um único objetivo: vender. A venda move o mundo moderno junto com o amor, já não sei se tanto esse último. Eu já sabia que precisava fazer um trabalho comercial se eu fosse colocar aquilo que mais eu sabia fazer em prática. Aprendi na escola de negócio uma lição valiosa depois de muito tentar vender meus quadros, que se você quiser vender algo a alguém você que entregar valor, uma mais valia. E aí estamos passando para ouro assunto importante que é a interpretação da obra de arte. Ela será interpretada levando-se em consideração todo o conhecimento que se tem em artes. Pode ser uma fina arte como pode ser qualquer das manifestações artísticas que ocorre nos mais diversos rincões do mundo. No entanto a maioria das manifestações artísticas não haverá retorno pecuniário. Deve-se ter em mente sempre que você terá que encontrar quem valorize seu trabalho e você terá que provar que sua criação é genuína e o que ela significa em termos artísticos. Esse significado é porque toda fina arte será interpretada por meio de uma sistemática existente. Teremos que pensar em todas as obras dos grandes mestres e toda a literatura cientifica, e as teorias e a história da arte. Sua obra não existe sem um contexto. Deve-se sempre ser levado em conta o contexto e a história da arte. Sim ela existe e você que criou uma obra faz parte dela, se você puder contar sua história. A técnica é legal, ela é muito importante, mas temos que pensar na criação que é bem importante também. Eu comprei meu primeiro jogo de tintas alemãs em 2011 e assim começou minha trajetória com as primeiras paisagens em marinhas e terrestres. Como foi meu processo criativo nessa fase? Eu, a época, fiz um banco de imagens enorme com fotos de diversas partes do mundo principalmente da Europa onde se encontravam boa parte dos materiais fotográficos de qualidade. Ficava dias e dias vasculhando literalmente a procura de fotos que pudessem ser retratáveis em forma de paisagem. Nosso cérebro busca por padrões e eu coloquei isso no meu trabalho pictórico. Por mim, foram realizadas as pinturas de dezenas de paisagens principalmente da Europa, e algumas exceções, tentei retratar com isso um mundo diverso, mas algumas considerações foram feitas para não se tornar os temas aleatórios: a cidade onde nasci, Vitoria; a cidade onde vivo, Vila Velha; a cidade mais importante do Brasil, São Paulo; e o Rio de Janeiro, segunda capital do pais; a África do Sul, que é a mais rica ex-colônia inglesa da África; duas das ilhas Maurício, um paraíso; a terra do fogo, Argentina; uma praia no Peru; uma forma de colocar mais lugares da América do Sul em meus temas; e três obras da EUA; uma da Indonésia, e uma da Austrália. Essa questão de pintar muitos lugares mais ricos como Europa e América do Norte tem sim uma questão de retratar as desigualdades por trás, pois tudo, de forma geral, é mais acessível nos países considerados ricos. Depois posso falar da coleção London Olynpic, a coleção sobre a os jogos olímpicos que se intitulou verde, ou ecologicamente correto, falo da sustentabilidade. E aí estamos de volta, olhar para o esporte na lupa dos dois maiores eventos mundiais a copa do mundo de futebol e os jogos olímpicos. Sempre trazendo esse olhar macro. Acredito que a essa altura já ficou notório meu interesse pela geopolítica e a macroeconomia, bem como o esporte. A arte tem esse caráter universal, e na coleção South Africa Cup eu trouxe as formas das geometrias não euclidianas do famoso matemático Gauss, tanto utilizada por Einstein em suas teorias quânticas. Sabe-se que o importante movimento artístico do cubismo utilizou o conhecimento dessa geometria. Sempre gostei de um design atraente em uma decoração de uma casa senão fosse isso para onde iriam minhas peças. Assim posso dizer que o interesse comercial para minhas obras teve influência da arte como “decoração”. E como algo escandinavo me traziam boas recordações finalmente em 2015 em um lampejo pintei a coleção Viking Land e essa eu já vou trazendo o spoiler remete-se aos guerreiros vikings e suas explorações. Assim como todos os barcos que pintei remetem ao período de descobertas navais e remete também os corajosos imigrantes brasileiros que vieram povoar este território a partir da primeira nau que chegou aqui com este fito no município de Aracruz-ES. São muitas referências que trago em todo meu acervo e definitivamente as composições não seguem uma ordem de cores nem de series nem de tons, e sim a temática está sempre mudando e é um passeio pelo mundo das cores. E eu tomo como influencia os coloristas Van Gogh, e David Hockney. O aspecto cinza de meu trabalho bem como os barcos sempre teve a influência de Giovanni Castagneto e a paleta do branco prateado do Club Green de Niterói-RJ. As mentorias só vieram em 2016, e em 2017 os primeiros portifólios foram elaborados com a curadoria de Nathalia Cruz. Esse foi um grande passo para receber o conhecimento que não tive em âmbito acadêmico. Passei a me interessar pela técnica também, da mesma forma que gostava de produzir a arte. A teoria é tão importante quanto a prática e uma precisa da outra. No meu caso a prática veio primeiro. Não há motivo para tornar o trabalho como incredível. É apenas uma questão de ponto de vista. Deixei-me influenciar por Kandinsky, pois tinha uma réplica de quadro dele pendurado em minha casa. Monet e outros impressionistas sempre foram uma influência. Picasso, Miro, Goya, Portinari, Giacometti, Cézanne, Charles Landser, Turner, Lucian Froid, Castagneto, Volpi, Chagal. A arte está em toda parte e é preciso conhecimento para enxergá-la. O real valor de sua de sua importância nem sempre é transmitido. Em 2017 que vi que meu trabalho tinha muito mais de neurociência e passei acreditar nessas premissas. O que a neurociência traz para a gente é uma resposta de liberdade. Um alento para o mundo das artes. Para quem decreta a arte como superada é uma resposta a altura, com todo respeito. O importante neurocientista Antônio Damásio reescreveu a história recentemente quando disse: Do nosso corpo roubamos nosso humor! Essa frase foi cunhada depois de um experimento que provou que nosso corpo e até nossas células estão intimamente ligados com a mente. Para se ter uma ideia dessa comprovação, ela interrompeu a crença de séculos em que se pensava que o cérebro é independente do corpo. Ele descobriu em seu experimento que os sentimentos inconscientes gerados pelo corpo precediam a decisão consciente, ou seja, ele concluiu que os sentimentos gerados pelo corpo são um elemento essencial do pensamento racional. Isso muda muita coisa no mundo da arte ela se interpreta também pela fenomenologia da psicologia da arte e pela neurociência. E isso faz conexão com minhas verdadeiras paixões a vontade de conhecer o mundo através da internet em suas belas paisagens fotográficas, devido aos custos das viagens de forma tradicional. Sempre fui muito curioso em desvendar as belezas do mundo mesmo que fosse pela internet, a paixão pelo cenário macroeconômico, e geopolítico, isso está profundamente enraizado em minhas obras para além da função decorativa das obras. Tive uma professora de geografia no ensino médio que me influenciou muito a gostar dos acontecimentos em níveis globais desde essa época. Época onde formei minha preferência pela geometria espacial como matéria preferida da matemática. Os jogos olímpicos e a copa do mundo de futebol também representados pelos momentos que os atletas tremulavam as bandeiras de suas nações me gerou sentimentos particulares que me fizeram gostar de entender o lugar do meu país no cenário mundial. As aberturas e encerramentos dos eventos são particularmente artísticos, e me chamava muita atenção. O artista tem sua influência sobre os outros com a produção de obras pictóricas e vice-versa o artista sofre influência das pessoas que lhe são próximas. A partir dessa premissa eu continuei fazendo meu trabalho em defender minhas ideias, independente dos rótulos recebidos. Parafraseando o que esta acima e o que foi dito por Damásio temos que, existe muito mais de nos mesmo que se pode imaginar num acervo pictórico, e no meu não vai ser diferente. Porque ele descobriu que os nossos sentimentos inconscientes são fundamentais para tomada de decisão racional, e no meu trabalho minha visão de mundo é materializada em formas de telas. Eu sempre achei que quanto mais diverso fosse meu trabalho mais atraente ele seria e isso é uma característica minha, de ver o mundo de forma plural. Portanto, para mim, minhas obras devem ser interpretadas pela unicidade do trabalho, o mundo das formas, da semiótica, do trabalho que foi feito em todo o acervo, pois é assim que se vê atualmente com base na neurociência. As suas contradições falam muito mais por ele mesmo do que suas generalizações. As contradições não devem ser excluídas. Observando a sequência poderemos chegar uma visão integrada e não distorcida dele. No entanto, fiz algumas tabelas para mostrar por quanto tempo me prendi a determinados temas, e acabei dividindo tudo por figurativo não figurativo. Obras com referencias de lugares nas paisagens figurativas e os demais tópicos, como sequência de barcos, anatomia humana, formas humanas. Todo os demais são totalmente abstratos e assim são não figurativos. Ao final da tabela cheguei as pistas que “definem” minha obra, mesmo que não completamente, e, sem querer ser reducionista, mas fazendo decomposição do trabalho pelas partes, utilizei o critério tempo médio que passei debruçado sobre cada país e por conseguinte por cada região do globo para ter uma dimensão dessa incidência. Ocorre que apareceu uma maior incidência dos países abaixo. Itália, Inglaterra, Irlanda, Dinamarca, Noruega, Brasil e Finlândia. Ora não que as melhores obras estejam nessa ordem ou nesses lugares, os quadros mais bem feitos também não estão nessa ordem, também não quero retirar a importância das obras abstratas, mas passei uma parte aproximadamente maior do meu trabalho tentando retratar a Europa ocidental. E há quem concorde que esses países são estonteantes. Você já foi a algum desses lugares, ou conhece a arte deles? Algo que também se impõem, guardado as devidas proporções no campo econômico, e âmbito cultural. Os países do velho mundo são considerados mais maduros politicamente e neles os cidadãos desfrutam de uma vida mais tranquila. Consigo enxergar através dessa lupa uma questão cultural na minha narrativa pictórica. Porque nos EUA tem tantos oligopólios enquanto na Europa temos as instituições públicas com mais força presentes, e essas garantem, por sua vez, uma igualdade maior para os cidadãos. Talvez minha formação na área do direito tenha sido preponderante também para que eu levantasse essa questão socioeconômica em meu trabalho. Para além de um trabalho voltado para pintura existe por traz uma ideia de como o ambiente socioeconômico é um reflexo de questões culturais, mesmo que de uma forma poética. Na verdade, não existe temas banais, existem temas que trazem mais engajamento que outros. E eu sempre observei e busquei retratar um conteúdo que remete, por exemplo, o IDH (Indice de desenvolvimento humano), como parte cultural como pano de fundo. Essa é mais uma nuance do meu trabalho. Por exemplo, sem complicar a leitura das imagens, o azul muito presente em meu trabalho é uma questão simples. Pois o azul é a cor preferida da maioria das pessoas, e quem não gostaria de ter uma tela azul em sua casa? Quem não gostaria de ter uma tela do mar em sua casa? Talvez muitas pessoas, mas são perguntas que eu fiz? A diversidade do meu portifólio é uma das coisas mais evidentes, e aí entra toda a questão novamente: de há por que você pintou um quadro de cada país? ou você trabalha fazendo aquelas coisas que penduramos na parede e você cobra uma fortuna. Sim, mas não é só isso, pois as cores e formas geram sensações, e a partir daí estou entregando algo. Tentei buscar cenas únicas. As obras também foram elaboradas buscando o máximo de simplicidade para não ficarem muito ornamentadas. O cérebro prefere pouca informação, é um órgão preguiçoso por natureza. Não se pode falar na paleta de cores sem pensar na composição. As ideias por traz dos quadros antes de elaborá-los é muito mais valiosa e por isso só estou escrevendo agora depois de mais de dez anos produzindo. Sei também que cada obra é única e tem todo um contexto interpretativo por traz da elaboração da imagem. E farei a descrição de obra por obra mais à frente. Os lugares retratados também são pontos de grande importância em seus respectivos países, mas claro não os mais importantes, e claro a preocupação não foi só essa, eu apenas elenquei alguns. Até porque o mundo é muito grande. O mundo é muito grande é uma pergunta que faço com tanto tempo debruçado sobre todos esses locais diferentes de onde eu resido. E há outro enfoque que eu fiz aí, apesar da imensidão do mundo esquecemos que trabalhamos quase a vida todo fazendo coisas parecidas com que nossos pais fizeram e próximos aos mesmos. O mundo exponencial é diferente do mundo biológico, que por sua vez é diferente do mundo das artes. As artes, porém, nos transportam a locais diferentes que o consciente pode alcançar. Só ela nos faz transcender a nossa existência, só ela tem esse poder. O meu percurso pictórico inclui também filmes, novelas, propagandas, pesquisas na internet por temas diversos, e eventos. Tudo que nosso subliminar absorve é posto para fora de certa forma nos trabalhos abstratos, e nas paisagens também, a neurociência sabe hoje que nossas memorias ficam armazenadas em nossa mente e podem ser resgatadas a qualquer momento. Conforme Lehrer (2010), o princípio da incerteza de Heisenberg ou a natureza emergente da consciência - são na realidade sobre limites da ciência. Conforme Lehrer (2010) embora a ciência seja sempre nosso principal meio de investigar o universo, é engenuo pensar que a ciência pode resolver tudo sozinha, ou que tudo pode ser memso resolvido. Conforme Lehrer (2010), agora sabemos assim o suficiente que nunca sabemos tudo. É por essa razão que precisamos da arte. Ela nos ensina a viver com mistério. Somente o artista consegue explorar o inefável sem nos oferecer uma resposta, pois, ás vezes, não há resposta. Segundo Lehrer (2010) John Keats chamou esse impulso romântico de “habilidade negativa”. Afirmava que certos poetas, como Shakespeare, tinham a habilidade de permanecer nas incertezas, nos mistérios e nas dúvidas sem a irritante vontade de sempre procurar pelas razões e pelos fatos. Segundo Lehrer (2010), Keats percebeu que apenas pelo fato de algo não conseguir ser resolvido ou reduzido ás leis da física não significa que não seja real. Ao nos aventurarmos além da fronteira de nosso conhecimento, tudo o que temos é a arte. Para Lehrer (2010), Sabado não responde essas perguntas. Ao contrário , o romance se esforça para nos lembrar, repitidamente, de que a pergunta não tem resposta. Nunca saberemos como a mente transforma a água de nossas celulas no vinho da consciência. Segundo Lehrer (2010) obra de McEwan é uma demonstração poderosa de que mesmo em uma época de detalhes científicos pertubadores, o artista continua sendo uma voz necessária. Por meio da ficção, McEwan explora os limites da ciência ao mesmo tempo em que faz justiça a sua utilidade e eloquência. Embora não duvide de nossa existência como propriedade da matéria - essa é a razão de um cirurgião conseguir curar nossas feridas -, McEwan captura o paradoxo de ser a mente consciente de si mesma. Embora cada eu seja um cérebro, é um cérebro que contempla o próprio começo. Posto isso, fica mais fácil colocar minhas observações sobre minhas telas. Observe que sempre tem a temática do mar ou barcos, pescadores. Tem a ver com Estado em que vivo, o Estado do Espírito Santo, que possui uma imensa área marítima. Minha mãe sempre contou para mim a história de seu avô que fora pescador. Isso permeou meu imaginário durante muito tempo. E tem outras razões para eu gostar do mar que foi ter praticado o surf por algum tempo, isso explica algumas praias de surf em meus trabalhos. Em 2020 eu produzi em uma sequência de telas três coleções: Coleção Brain, Coleção Savana, Coleção South American Indian. Foi depois de me deixar influenciar pela neurociência, temos então a coleção Brain. Depois uma importante coleção que fala das comunidades indígenas mundo afora, tentei trazer o índio da américa do sul, mais exatamente o da região sul da América do Sul, o povo Mapuche. E a coleção Savana, de temática africana. No processo de criação de projetos artísticos do artista dinamarquês Olafur Eliasson, temos a seguinte sequência para se dar vida a uma obra de arte. Primeiro existe a ideia e depois existe o problema. Antes do problema precisa existir uma verbalização da ideia. Mas suas ideias não surgem em palavras. Segundo ele esse espaço é lindo e interessante. Então ele atribui linguagem a ideia que pode ser em desenhos ou escrita para remeter a sua equipe. O artista também olha para o antes da ideia para elaborar seus projetos. De onde vem as ideias? Ele tem ideias quando trabalha duro. Ato seguinte a equipe fica encarregada dos “como” e ele dos “porquês” para dar vida aos projetos. No documentário da Netflix, o artista coloca as seguintes questões, que podemos tomar como exemplo: “Para ele a cultura é, em larga medida, a física.” “A arte pode mover a economia, se for passada, - através dela – narrativas positivas para, principalmente, causas ligadas a sustentabilidade. Essa mudança precisa ser emocional.” “Podemos transformar pensamento em ação.” “A qualidade não depende do sucesso.” “A arte é o ato de tornar algo abstrato tangível, é o processo de reduzir a essência.” “Seu interesse em geometria tinha raiz na possibilidade de vivenciar o mundo.” “O espectador deve coproduzir a narrativa artística.” “A arte é a habilidade do mundo de investigar e ter uma relação íntima com sigo mesmo.” “Experienciar a arte diz respeito a: capacidade de ver algo; não ignorarmos o nosso entorno;” “A luz do sol é diferente em várias partes do mundo, e mesmo que não pareça tão importante pode fazer muita diferença.” “Quando você vê que a realidade é relativa fica mais fácil mudá-la.” Esse artista opera em escala global e suas obras são imersivas, segundo ele quando a sala está vazia, sem o espectador, não tem arte. Pois a arte depende também de quem está observando, e o protagonista nessa situação nem sempre é o artista. Ele ressalta o caráter relativo dessa relação. Os insigths sobre minhas obras de paisagens e abstratas surgem durante o processo criativo da pintura. os insights estão nos nomes das coleções, na produção da pintura, que como já disse, se interpreta a luz da fenomenologia, a psicologia da arte, e a própria neurociência. Sempre quis que a arte fosse mais constante na vida das pessoas por isso falo dessa finalidade “decorativa”, mas como vimos ela é muito mais que isso.

Livros: Lehrer, J, 2010; Proust foi um neurocientista Série e filmes: Abstract, the art of design, episódio: Olafur Eliasson, O design da arte

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